O começo da carreira da banda de metal mais
bem sucedida da atualidade não foi nada fácil. Após algumas trocas de integrantes
e a expulsão de Dave Mustaine – que fundou o Megadeth \o/ - formaram o quarteto
com James e Kirk nas guitarras, Lars na bateria e Cliff no baixo, estava pronta
a formação clássica do Metallica.
Cliff Burton entrou na banda em 1982, antes
disso ele foi convidado por James e Lars, mas relutou em sair de sua banda, a
Trauma, fazendo inclusive com que os outros integrantes se mudassem para mais
perto de sua casa em São Francisco, na Califórnia, pois ele não queria se
mudar. O talento de Cliff era tão grande que os outros integrantes não pouparam
esforços até que ele aceitou e completou a formação.
Os pais de Cliff eram hippies, e ele trouxe daí seu jeito desleixado. Usava sempre calça boca-de-sino
e jaqueta jeans desabotoada ou camiseta sem manga, barba mal feita e bebia
cerveja no gargalo, gostava de escutar as composições de Bach, falava pouco,
mas era calmo e sorridente. No palco era extravagante, um típico headbanger, sacudindo a cabeleira e
fazendo solos de baixo usando técnicas e equipamentos de guitarrista – os shows sempre incluíam a música (Anesthesia) Pulling Teeth, em que Cliff
solava no baixo. Sua influência na sonoridade do Metallica era muito grande,
tocava de uma forma muito harmônica e usava distorções que aumentavam o peso
dos riffs.
Em 1986, após terem gravado o terceiro álbum –
Master of Puppets, com uma capa em
que está representado um cemitério – o Metallica se tornou febre entre os
metaleiros do mundo todo, fazendo com que a banda excurcionasse fora dos EUA na
turnê Damage Inc. No final de
setembro deste ano eles estavam na gelada Suécia, enfurnados dentro de um dos dois
ônibus da banda, onde dormiam em pequenos cubículos no piso, mas havia um lugar
um pouco melhor na parte de cima de um beliche, este lugar era disputado pelos
músicos que tiravam a sorte nas cartas do baralho.
Na madrugada de 27 de setembro Cliff reclamou
que queria dormir no beliche, mas o lugar naquela noite era de Kirk Hammet, o
guitarrista solo, que aceitou disputar o lugar nas cartas e cada um tirou uma
carta do baralho. Kirk tirou um dois de copas (2♥)
e Cliff um ás de espadas (A♠), parecia que estava com sorte, afinal ele era fã
do Motörhead e gostava de escutar Ace of
Spades, mas aproximadamente às 6:15 da manhã, na localidade de Ljungby, uma
região no interior da Suécia, o ônibus vinha por uma estrada deserta coberta
pelo que é chamado na região de “gelo negro” – uma fina camada congelada sobre
o asfalto que é difícil de se enxergar – e em uma curva o veículo derrapou para
a direita e capotou parando dentro de um fosso. Quase todos tiveram apenas
pequenos ferimentos, porém Cliff, que estava em uma parte alta foi arremessado
pela janela e esmagado pelo ônibus que ainda se moveu uma segunda vez e parou
sobre seu corpo, acabando com qualquer chance de salvamento. Ele tinha 24 anos.
Foto tirada após a retirada do ônibus de dentro do fosso |
O funeral foi em 7 de outubro em Castro
Valley, na Califórnia, ao som do instrumental Orion, composto pelo próprio Cliff. O corpo de Cliff foi cremado,
suas cinzas foram espalhadas em Maxwell Ranch, um local que ele gostava muito.
Não existe um túmulo, mas no local da morte há um marco colocado pelos fãs
suecos em homenagem ao baixista onde se lê parte de um poema escrito por ele e
que foi colocado na música To live is to
die (viver é para morrer) composta em sua homenagem.
“...canot the Kingdom of Salvation take me home?”
Também há uma biografia escrita em 2009 por Joel McIver – To live is to die: The life and times of Metallicas’s
Cliff Burton – com prefácio de Kirk Hammet.
Há também o documentário Cliff ‘em all, que é uma coletânea de momentos do baixista em
apresentações, aparições, entrevistas, etc.
O Metallica quase acabou, mas se reergueram e
conseguiram ser ainda mais bem sucedidos. Nenhum dos dois excelentes baixistas
que substituíram Cliff – Jason Newsted e Robert Trujillo – conseguiram tapar o
rombo deixado por sua morte. É de se perguntar se com Cliff vivo a banda teria
produzido algum dos álbuns fracos e nitidamente comerciais a partir dos anos
90.
Em uma análise supersticiosa sobre a morte de
Cliff Burton deve-se pensar no que aconteceu naquela noite, dentro daquele
ônibus, circulando nas remotas terras escandinavas.
Kirk tirou a carta dois de copas: 2 = uma
segunda chance / copas = coração, símbolo da vida. No tarot é um arcano menor que simboliza harmonia, união, amor, absolvição...
Cliff tirou a carta ás de espadas: A = Áses,
assim são chamados os sanguinários deuses escandinavos / espadas = violência, um
instrumento implacável. No tarot é um
arcano menor que simboliza lógica, força, mudança, morte...
Em uma análise circunstancial deve-se pensar
que se existisse azar pra valer, tanto Cliff como Kirk poderiam ter tirado a
pior carta, dormido em um lugar ruim e morrido mesmo assim. Se a hora dele tinha
chegado pelo menos conseguiu ser um grande baixista, se tornar inesquecível e
partir dormindo e bem aquecido.
Confira no vídeo o próprio Cliff Burton executando (Anesthesia) Pulling teeth
eu tinha escutado (ou visto em algum video) uma versão que dizia que o lugar seria do James Hetfield, mas ele trocou com o Cliff porque ele estava com dor de garganta e aquele lugar pegava vento, ou ar condicionado ou algo assim...e ele queria preservar sua voz para o proximo show...
ResponderExcluirAntes de fazer a pesquisa eu sabia de algo parecido, James dormia neste lugar porquê era o melhor lugar para preservar a voz do vocalista, mas eles faziam o sorteio entre os quatro de forma igualitária de forma que quem dormiria lá, naquela noite, seria Kirk.
ExcluirAlgumas histórias se modificam muito quando passadas adiante e isso é que cria as lendas e os assuntos pra eu colocar aqui e é por isso que mesmo eu não acreditando em algumas coisas, deixo a dúvida pra que cada um decida se acredita ou não.
Existe um documentário sobre a banda que eu assisti onde o próprio Kirk comenta que durante muito tempo se sentiu culpado pela morte de Cliff pois naquela noite teria trocado de lugar com ele.
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