terça-feira, 26 de julho de 2016

VERBORRAGIAS - MÚSICA E FRASES DE LEMMY KILMISTER


Sabe aquelas frases polêmicas, engraçadas, geniais ou até mesmo estúpidas ditas por celebridades da música?

LEMMY KILMISTER
(Vocalista e baixista do Motörhead)


“A lei morre onde o Motörhead estiver”

“A morte é inevitável, não é? E você fica mais propenso a ela na minha idade. Não me preocupo com isso. Estou pronto pra morrer. Quando eu morrer, quero ir fazendo o que eu faço de melhor. Se eu morrer amanhã, não posso reclamar. Minha vida foi boa”

“A única coisa interessante sobre religião é a quantidade de pessoas que ela tem matado”

“Abandone o ‘certo ou errado’. Decida por si mesmo”

“Ainda estamos nessa e provavelmente não estaríamos se tivéssemos ficado ricos, pois as bandas ficam ricas e imediatamente se dissolvem”

“Aparentemente as pessoas não gostam da verdade, mas eu gosto, eu gosto dela porque incomoda muita gente”

“As melhores coisas são as que acontecem por acaso”

“As pessoas destroem as outras através dos anos. Nada mata mais rápido um relacionamento do que o compromisso”

“Eu já vi Deus quando tomei ácido e posso garantir... o cara é bem mais forte que eu!”

“Eu não acho justo se meter quando as pessoas estão cuidando da própria vida e podem não querer sua opinião”

“Eu não entendo as pessoas que quando acreditam que são ignoradas, desistem. Isso é completamente errado. Ser ignorado deve te dar força. A Europa ignorou Hitler por vinte anos. Como resultado, ele matou um quarto da população mundial”

“Eu sou um homem muito simples. Não preciso de muito para me sentir satisfeito. Desde que eu tenha um teto sobre minha cabeça, uma TV, alguns discos, dinheiro suficiente para sair e encher a cara e botar umas tetinhas na minha boca, estou plenamente feliz”

“Eu venho do rock n’ roll. Essas pessoas com macacões e máscaras vêm do circo” (sobre a banda Slipknot)

“Eu vi toda a equipe de Ozzy Osbourne traçar uma mesma garota uma vez, mas ela topou, então qual o problema? Se um cara transa com nove garotas numa noite, você dirá que ele é um herói, mas se uma garota fizer algo semelhante, você dirá que ela é uma vadia. Eu não penso assim, e isso não é justo. Mulheres têm orgasmos múltiplos, que nós não temos”

“Foda-se! Não fale mal dos mortos? Merda! As pessoas não se tornam melhores quando elas estão mortas, você acabou de falar delas como se fossem, mas não é verdade! As pessoas ainda são idiotas, são apenas idiotas mortas!”

“Há pessoas que melhoram com a idade se gostam do que fazem, esse é o meu caso. Realmente nunca fiz isso por dinheiro, visto que não vendemos muito discos. Muitos grupos de merda são milionários, porém esse não é o nosso caso”

“Já fui viciado em anfetamina, mas nunca mexi com heroína. Quem toma heroína é chegado em Lou Reed e isso definitivamente não me faz bem”

“Meu caro, ressacas são para aqueles que param de beber”

“Na minha vida até agora, descobri que na verdade só há dois tipos de pessoas: aqueles que estão com você; e aqueles que estão contra você. Aprenda a reconhecê-los pois eles são frequentemente e facilmente confundidos um com o outro”

“Não é tanto ser bonito, é mais fácil fazê-las rir. Garotas não se importam muito com caras bonitos no final das contas. Isso ocorre porque elas, todos os dias, colocam e tiram a maquiagem e sabem o quanto beleza é superficial”

“Não somos bonitos, mas somos honestos!” (Se desculpando por um show adiado em SP em 1988)

“Não sou roqueiro o dia todo. Eu paro para dormir”

“Naquela época estávamos todos loucos de ácido. Nós acabávamos discutindo com as árvores, e o pior é que muitas vezes elas ganhavam a discussão”

“Nasça para perder. Viva para vencer”

“Nós somos considerados uma banda de heavy metal só porque usamos cabelos compridos. Se você tem cabelos compridos então você é heavy metal. Nós somos apenas uma banda de rock n’ roll

“Nunca fui para a cama com uma garota feia, mas acordei com algumas delas”

“O verão de 1971 foi fantástico. Eu não me lembro de nada, mas nunca me esqueço”

“Os médicos sempre me disseram durante esse tempo para ir com calma. Como deveria saber que dessa vez era sério?”

“Parece que nosso novo mundo está se tornando menos tolerante, espiritual e educado do que quando eu era jovem”

“Provavelmente, se você comer o boneco. Espero que ninguém faça isso” (quando perguntado se o boneco feito dele poderia prejudicar as crianças)

“Se o Motörhead mudar para o seu bairro nenhuma grama vai crescer no seu jardim”

“Se você acha que está velho demais para o rock n’ roll, então está”

“Se você não fizer nada que não seja bom pra você, sua vida será muito sem graça. O que você vai fazer? Tudo o que é agradável na vida é perigoso”

“Seu lar está aqui (na sua cabeça, na sua mente). Onde você vive é apenas uma preferência geográfica”

“Só descobri que não era punk quando me disseram que punk não tem cabelo comprido”

“Suponho que deveria ter o que dizer sobre os ataques terroristas. Não acho que seriam pontos de vista populares, mas eles precisam ser colocados em algum tipo de perspectiva. Eles foram uma tragédia horrível, mas o que aconteceu em Nova Iorque e Washington foi a mesma coisa que a Inglaterra e os Estados Unidos fizeram a Berlim todos os dias por três anos durante a Segunda Guerra Mundial, e a Alemanha fez o mesmo para a Inglaterra, mas a maioria dos americanos não pensa nisso. Eles acham que tudo começa e termina com a América”

“Todos no mundo nos deram seis meses de vida quando começamos. Então, naturalmente não deixei a banda terminar antes deles calarem a boca. Acho que eles calaram, então agora eu posso acabar com a banda?”

“’Viva e deixe viver’ é a pedra fundamental da minha vida. Eu sou essencialmente um anarquista, não dá pra se confiar nas pessoas, sabia? Se você desse pra todos no mundo a mesma quantidade de dinheiro amanhã, em duas semanas alguém em algum lugar estaria com a maior parte desse dinheiro”

“Você sabe que ainda existem clubes na Inglaterra e na América onde os judeus não são permitidos? Este é um país de negação”


“’Você vai colocar um pênis nele?’ – Me respondeu que não e eu respondi – ‘Então não se trata de um boneco de ação, já que quem comprar não terá muita ação!’” (sobre o boneco feito dele – figura de ação, em inglês action figure)





domingo, 24 de julho de 2016

DICIONÁRIO MUSICAL - AFINADOR

Significa "o que afina", "o que faz ficar afinado".

O termo pode se referir tanto a um instrumento ou ferramenta, como a uma profissão, por exemplo:

Chave de afinação - é uma peça metálica que é introduzida nos mecanismos que giram as cravelhas dos instrumentos, tencionando ou afrouxando as cordas para serem afinadas;

Chave de afinar pianos

Diapasão - ferramenta de metal ou de sopro que emite um som (normalmente o Lá de 440 Hz) que serve de referência para a afinação de instrumentos e vozes;

Diapasão metálico
Diapasão de sopro

Afinador eletrônico* - equipamento que tem sensores que medem a frequência da nota emitida e determinam se ela está correta, ou se ela deve ser elevada ou abaixada;

Afinador eletrônico

Diapasão eletrônico* - equipamento que emite som com a frequência correta para que os instrumentos ou vozes sejam calibrados e afinados;

Diapasão eletrônico

*Tanto o afinador como o diapasão eletrônicos podem ser softwares para serem usados em computadores, tablets, smartphones...

Técnico afinador - pessoa que trabalha fazendo afinação e reparos em instrumentos, especialmente os de teclado como o piano, o cravo, o órgão, a gaita, etc. e também os que têm muitas cordas como a harpa e o saltério. Uma de suas diversas ferramentas é a chave de afinação.


sexta-feira, 22 de julho de 2016

MOZART FOI MORTO POR SALIERI

Mozart e Salieri


Nem todas as lendas no mundo da música surgiram na modernidade, algumas são centenárias, a que tratarei agora vem diretamente do século XVIII e trata da morte de um dos maiores compositores da história, Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart, cujo nome artístico (isto também não é coisa moderna) foi Wolfgang Amadeus Mozart.

A lenda diz que a genialidade de Mozart era tão grande que despertou um sentimento de inveja no compositor oficial da corte austríaca, o italiano Antonio Salieri, que dava aulas para o próprio imperador Joseph II.

A fama de Mozart era grande já desde criança, compondo com apenas cinco anos de idade e se apresentando por toda a Europa como músico prodígio levado por seu pai e acompanhado de sua irmã também muito talentosa, essas turnês duravam muitos meses e se repetiram até a idade de 25 anos, quando passou a trabalhar como músico independente na capital, Viena. Parece que Salieri a princípio ficou curioso para conhecer aquele rapaz de que todos falavam tão bem, mas teve uma grande decepção ao descobrir que aquele gênio era também um excêntrico quase despudorado, com uma personalidade infantilizada e ainda debochado em relação aos outros músicos.


Ao ser introduzido na corte, na presença do próprio imperador que queria conhecer o tão afamado artista, Mozart desdenhou uma composição que Salieri compôs em homenagem ao visitante, interpretando com absoluta perfeição ao cravo (um instrumento antecessor do piano) a música que acabara de ouvir e ainda improvisando melhorias na composição que ele achou simplória, surgiu aí ao mesmo tempo uma grande admiração e um ódio de Salieri pelo artista abençoado por Deus e ao mesmo tempo uma pessoa desprezível.


Durante muitos anos Salieri fingiu ser amigo de Mozart, mas fazia de tudo para boicotar seu inimigo secreto na corte, o que gerou problemas financeiros e de popularidade para Mozart. Sabendo destas dificuldades e que ele dava sinais de insanidade, Salieri resolveu criar uma farsa em que iludia o compositor fazendo com que ele associasse a imagem de um mascarado com a figura de seu próprio pai morto e ainda conseguir encomendar uma obra musical genial que ele pretendia apresentar como sua. Achando que estava compondo um réquiem (composição fúnebre) para seu próprio funeral, Mozart trabalhou alucinadamente até a exaustão enquanto Salieri o envenenava lentamente. Como a composição demorava para ser concluída ele ficou doente antes do que Salieri pretendia, então fingiu ajudar Mozart no leito de morte anotando as partituras que ele recitava de cabeça, mas apesar de seu esforço para terminar a obra e tomá-la para si, acabou ficando sem as anotações finais, de modo que o Réquiem acabou creditado a Mozart.


O atestado de óbito dava a causa mortis como febre miliar aguda, mas uma semana depois uma publicação alemã criou a suspeita de envenenamento. Mozart acabou sendo enterrado como indigente, sem testemunhas, em um local desconhecido, deixando sua viúva e dois filhos em situação financeira complicada.

Muitos anos se passaram e Salieri corroído pelo remorso enlouqueceu, foi internado em um hospício onde, nos últimos anos de vida (1823), era ouvido gritando em seu quarto...

“...eu matei Mozart, eu matei Mozart...”

Esta é a história contada pelo escritor russo Aleksandr Pushkin que em 1830 escreveu seu drama, Mozart e Salieri, que depois se transformou em uma pequena opera com um ato e duas cenas de Rimskji-Korsakov com o mesmo nome em 1898. Depois o escritor Peter Shaffer escreveu a peça de teatro intitulada Amadeus em 1970, repercutindo e ampliando a lenda que finalmente deu origem ao filme de Milos Forman, também chamado Amadeus em 1984 e que ganhou oito Óscares. A partir daí esta é a versão mais popular sobre o que aconteceu com o grande compositor austríaco.


Mas os estudiosos da história da música dizem que tudo foi bem diferente:

Salieri em sua época foi muito mais famoso que Mozart, ele era o compositor do imperador, suas muitas óperas eram prestigiadas, era um professor concorrido (chegou a dar aulas para Beethoven, Liszt, Schubert e o filho mais novo de Mozart) e era bem pago por tudo o que fazia. Já Mozart era um espírito livre, procurava o que havia de mais moderno na música de seu tempo, nem sempre era compreendido embora fosse bastante popular, mas como foi durante toda a vida um viajante que se apresentava quase como um artista circense da música, havia desconfiança dos empregadores da corte e dos mecenas (ricos que financiavam artistas) sobre a confiabilidade do compositor, de modo que não conseguia ser contratado para um trabalho fixo, tinha muitos altos e baixos embora nunca tenha passado necessidade, mas também nunca chegou a ser rico.

Seu corpo foi velado na catedral de Viena, mas naquele dia havia uma forte tempestade e nevasca, de forma que a família de Mozart não acompanhou o caixão, mas ironicamente há indícios de que um dos presentes no momento do enterro foi Salieri junto com alguns outros músicos.  Foram feitas muitas homenagens a Mozart em Viena e também em Praga onde suas óperas eram muito populares.

Há um suposto crânio do compositor que foi apresentado por um coveiro em 1801 e que foi submetido a vários testes e comparações genéticas, mas os resultados foram inconclusivos.

Apesar da grande popularidade de Salieri, ele era um compositor conservador, então sua obra se diluiu com os grandes músicos de sua época, o período Clássico, já a obra de Mozart foi muito influente no período que surgiu pouco tempo depois, o período Romântico, embora não tenha composto nada que se enquadrasse no estilo romântico, é bem provável que ele tenha dado aulas para o maior compositor deste período, Beethoven, então Mozart produziu o que havia de mais arrojado em seu estilo e provavelmente, se não tivesse morrido tão cedo, teria composto grandes obras primas de um novo estilo e teria sido ainda maior do que já é. Também não morreu na miséria, deixou várias obras inéditas que foram negociadas pela viúva e também algum patrimônio, principalmente em instrumentos musicais. As cartas desta época não indicam nenhum problema de depressão por parte do compositor, na verdade ele parece bem feliz.

Apesar do que se vê no filme Amadeus, Salieri era apenas seis anos mais velho que Mozart, quando se conheceram um tinha 25 e o outro 31, Salieri tinha mais intimidade com a vida reservada da corte, e Mozart era um homem viajado e descrito como tendo uma personalidade descontraída, porém nada que indicasse um desajustado social, como no filme. Os indícios históricos revelam que na verdade eles se davam bem, tendo inclusive composto uma Cantata (Per la ricuperata salute di Ofelia) em conjunto, obra descoberta há pouco tempo em Praga, na República Checa. Então a lenda parece ser uma inversão do que poderia ser a realidade, se alguém tinha motivos para inveja, não seria Salieri e sim Mozart, isto aparece em algumas cartas do compositor que se referia com algum despeito à popularidade de Salieri.

Parte da Cantata composta por Mozart e Salieri

Outra coisa errada na lenda é que o Réquiem não foi terminado por Mozart, alguns trechos estavam incompletos e foram terminados por dois de seus discípulos a pedido da viúva. A verdade é que Mozart realmente foi contatado por um homem mascarado que encomendou a obra, mas se descobriu posteriormente que se tratava de um compositor amador, o conde Franz von Walsegg-Stuppach, que encomendava composições e as apresentava como de sua autoria. Outra curiosidade é que após a edição do Réquiem a primeira execução completa da obra aconteceu no Brasil em 1819.

Mozart não chegou a completar 36 anos de idade e seu médico diagnosticou a morte como resultado de “febre miliar aguda” e a medicina nesta época era bem precária, o mais provável é que uma das várias doenças que Mozart teve na infância tenha deixado sequelas por toda sua vida e se manifestado de maneira fatal em um período posterior, provavelmente a febre reumático-inflamatória diagnosticada por várias vezes quando ele era criança, nesta época não se tinha nenhum conhecimento sobre infecções e as pessoas morriam de forma repentina e banalmente como resultado do próprio tratamento dos médicos. Há estudos modernos analisando os diversos sintomas descritos sobre os últimos momentos do compositor que corroboram que ele não morreu por envenenamento.

Não se sabe se a história de que Salieri teria feito a tal confissão no hospício seja verdade, mas caso tenha realmente ocorrido ainda resta a dúvida de que sejam palavras de um homem perturbado e influenciado pelas histórias que ele ouviu de outros, afinal alguém pode ter questionado o pobre insano que acabou fantasiando tudo no final da vida. Ainda assim há registros escritos de Salieri em cartas para seu pai onde confessou sentir alguma inveja de Mozart, mas ainda em suas boas faculdades mentais rechaçou as insinuações dirigidas a ele sobre o suposto envenenamento.

Outra teoria conspiratória é que Mozart teria sido morto pela Maçonaria por ter revelado segredos maçônicos em sua ópera A flauta mágica. Mozart realmente era maçom desde 1784, mas os símbolos maçons incluídos na ópera não são revelados em momento algum, só são entendidos pelos iniciados. Provavelmente seus irmãos maçons já estavam cientes do conteúdo da ópera antes mesmo de ela entrar em cartaz.

Outra teoria ainda menos aceita é de que Mozart tenha sido envenenado por um marido enciumado que suspeitava da traição de sua esposa, aluna do compositor.

A lenda pode ser verdade ou mentira, mas isso não interfere no que ele foi em vida e ele continua vivo em suas mais de seiscentas composições, algumas delas muito conhecidas em todos os cantos do planeta.

No vídeo, Lacrimosa, do Réquiem de Mozart, com regência de Herbert von Karajan.



terça-feira, 19 de julho de 2016

A MÚSICA DO SUICÍDIO


Existe uma música que carrega uma fama nada boa, ela é considerada a música da morte e pode levar as pessoas que a escutam a cometerem suicídio.

Seu compositor é o húngaro Rezso Seress e ela se chama Szomorú Vasárnap (Domingo sombrio). Esta música é considerada responsável por centenas de suicídios e carrega desde o início uma história triste.

A lenda diz que...

...Rezso tentava inutilmente viver de sua música em Paris, mas não obtinha sucesso e se frustrava com isso, para piorar, em 1933 ele foi largado pela namorada que achava que ele vivia um sonho sem perspectivas, o que o deixou muito depressivo. No dia seguinte, um domingo, querendo expressar toda sua dor, ele resolveu compor uma música que fosse realmente triste e que transmitisse também toda a dor do mundo em sua época, sentou-se ao piano e olhando pela janela viu o céu chuvoso e começou a compor, os versos foram escritos a lápis em um cartão postal.

Rezso Seress

Após a recusa de um produtor local, outro resolveu publicar e distribuir a música para às casas de show das maiores cidades da Europa, tornando a composição um pouco conhecida. Apesar de todo seu esforço a música não fez muito sucesso, o que deve ter deixado Rezso ainda mais frustrado. Porém dois anos depois o cantor Pál Kálmar, muito famoso na Hungria, resolveu gravar a canção que acabou ficando conhecida e aí é que começaram os suicídios entre os húngaros. Logo se percebeu que muitos destes suicídios tinham alguma relação com a música e os boatos se espalharam, tinha algo sinistro em Szomorú Vasárnap. Logo a reprodução da música foi proibida e a curiosidade só aumentou, fazendo com que ela ficasse mais famosa.


Em 1936 a letra húngara foi traduzida para o inglês, forma pela qual ela é mais conhecida (Gloomy Sunday), mas o que realmente a fez ficar conhecida foi quando a grande cantora norte americana Billie Holliday resolveu gravá-la, em 1941. A emissora inglesa BBC considerou a canção muito triste e achou melhor não reproduzi-la, mas ela não chegou a ser proibida, já nos EUA ela foi tocada normalmente.


Veja alguns relatos de suicídios atribuídos à música:

Um húngaro se jogou de um prédio com um papel em seu bolso que continha frases da música;

Um jovem deu um tiro na própria cabeça em Berlin após dizer que não conseguia tirar a canção da mente;

Também em Berlin uma jovem se enforcou em seu apartamento, a letra de Domingo Sombrio estava sobre a cama;

Uma secretária nova-iorquina deixou uma nota de suicídio pedindo que Domingo Sombrio fosse tocado em seu funeral;

Ainda em Nova Iorque um homem de 82 anos tocou Domingo Sombrio no seu piano antes de se atirar do 7º andar;

Em Roma uma adolescente se atirou de uma ponte após escutar a música;

Em Londres os vizinhos de uma mulher forçaram a entrada em seu apartamento pois o disco que ela estava escutando ficou pulando por muito tempo num mesmo trecho de Domingo Sombrio, ela estava sentada em uma cadeira, morta por overdose de barbitúricos.

Veja a letra em uma tradução livre do original em húngaro:

Domingo sombrio com centenas de flores brancas
Eu estava esperando por você querida, com uma prece
Uma manhã de domingo, correndo atrás de meus sonhos
Lágrimas de sangue escorriam pelos meus olhos
Enquanto eu ouvia aquela canção ecoar nos meus ouvidos
Tal como o som da sua voz serena sussurrando uma canção
Só me fazia sofrer mais
Minha carruagem de tristeza retornou sem você
Desde então meus domingos são para sempre tristes e solitários
As lágrimas são minha única bebida, a tristeza é meu pão
Domingo sombrio
Neste último domingo minha querida, por favor venha até mim
Haverá um padre, um caixão, um sepulcro e uma mortalha
Pois não estarei mais aqui
Haverá flores para você, flores e um caixão
E eu estarei lá dentro a sua espera, meu amor
Sobre as árvores florescentes se dará minha última jornada
Meus olhos estarão abertos
Para que eu possa lhe ver uma última vez, feche-os
Não tenha medo de meus olhos
Eu a estou abençoando mesmo na minha morte
Neste último domingo

Nesta mesma época a Segunda Guerra Mundial estava no auge e Rezso acabou capturado pelos nazistas e foi mandado para um campo de concentração de onde fugiu. Apesar do sucesso de Gloomy Sunday, ele não conseguiu compor nenhuma outra música tão inspirada e se dedicou a várias atividades nos anos seguintes, chegando a ser ator de teatro e trapezista em um circo. Também tentou se reconciliar com a antiga namorada que inspirou a música, mandou uma carta para ela, mas não houve resposta, algum tempo depois descobriu que ela foi achada morta ao lado de um papel com a letra da música. Suicídio por envenenamento.

Rezso não gostava do que sua música causava nas pessoas e declarou:

“Esta fama fatal me machuca. Eu chorei todas as tristezas de meu coração nesta música e parece que outras pessoas, com sentimentos como os meus, encontraram sua própria dor”

A história é macabra, mas pode ser mais uma dessas lendas que começam pequenas e crescem como uma bola de neve. Primeiramente lembremos que na década de 1930 a Europa ainda se recuperava da Primeira Grande Guerra e já mergulhava na Segunda, as pessoas chegavam a passar fome em alguns lugares, muitas empresas fecharam e não havia uma boa perspectiva de futuro para os mais jovens, isso por si só pode aumentar a taxa de suicídios. Por outro lado uma música como Domingo Sombrio pode se tornar um gatilho perfeito para pessoas que estejam nessa situação limite.

Os mais céticos dizem que quando foi lançada nos EUA, Gloomy Sunday teve uma divulgação bastante enfocada na lenda dos suicídios, o que aumentou a crença em boatos sem fundamentos e que muita coisa foi deliberadamente inventada e esta é uma visão compartilhada pelo músico Michael Brook que escreveu sobre ela:

“Gloomy Sunday chegou à America em 1936 e, graças a uma brilhante campanha publicitária, ficou conhecida como ‘A canção húngara do suicídio’. Supostamente, depois de a ouvirem, amantes perturbados seriam compelidos a saltar da primeira janela que encontrassem, mais ou menos como os investidores depois de outubro de 1929”

Em 1999 um filme alemão foi inspirado na história da música de Rezso Seress, Ein lied von liebe und tod (Uma canção de amor e morte) conta a história de uma música triste e um triângulo amoroso em meio a suicídios.


Ainda segundo a lenda, o corajoso que escutar toda a música, olhado nos olhos de Rezso Seress (uma foto é claro) vai adquirir tamanha angústia que acabará atentando contra a própria vida. Você pode tentar isso aqui mesmo (por sua própria conta e risco) após terminar de ler este post.

Hoje em dia a música ficou quase esquecida como peça artística, as poucas vezes que se fala dela ou se pára para ouvi-la é por causa da mórbida lenda, o que é o caso mais provável de você que está lendo este blog agora mesmo.


De todos os suicídios que são atribuídos a Domingo Sombrio um é mais marcante. Rezso Seress se jogou da janela de seu apartamento em Budapeste em 1968, sobreviveu mas acabou se enforcando com uma corda no hospital.

Rezso Seress

No vídeo uma versão mais moderna de Gloomy Sunday interpretada por Sinead O'Connor.


sábado, 9 de julho de 2016

INSTRUMENTOS MUSICAIS - AFOXÉ

É um instrumento de percussão ou fricção dependendo de como o som é produzido.

Tem origem africana e foi inicialmente usado em rituais no candomblé, posteriormente passou a ser usado como instrumento rítmico na música popular.

Era feito inicialmente com um pequeno porongo (cabaça, cuia) envolvido por uma trama de sementes. Atualmente os afoxés podem ser feitos de porongos envolvidos por contas de plástico ou madeira, ou feitos totalmente de plástico, ou com um formato mais moderno constituído de um cilindro de madeira com um cabo e uma trama de miçangas sintéticas em torno do cilindro.


O som é produzido através do atrito entre as contas e o corpo do instrumento, podendo ser pelo giro ou por batidas rítmicas. Uma mão segura o cabo e a outra pressiona a trama de miçangas.


Há uma versão maior do afoxé chamado xequerê, mas essa é uma nomenclatura brasileira, na África mesmo os instrumentos pequenos são chamados de xequerês.

Também é chamado de abê, afoxé, agnê, agbê, xaque-xaque ou xequerê.