Sabe aquelas frases polêmicas, engraçadas, geniais ou até mesmo estúpidas ditas por celebridades da música?
MAX CAVALERA
(Vocalista e guitarrista do Sepultura e do Soulfly)
“Ah, nas turnês a gente fedia para caralho. Acabava o show e eu não queria tomar banho. Até hoje não gosto de tomar banho. Tocamos no Rio ontem e eu ainda não tomei banho”
“Eu considerava o Sepultura um filho. Quando saí, foi como se o meu filho tivesse morrido, então não queria mais, era como tentar ter uma relação com algo que estava morto”
“Eu era meio tímido. Sempre achei o processo de cortejar meio chato, dava trabalho para caralho, era mais fácil ir à zona e pegar uma vagabunda”
“Eu gosto do Chico Science, gosto de Raimundos, Ratos de Porão, Raul Seixas, Camisa de Vênus (o primeiro disco deles é muito legal), Pavilhão Nove, Câmbio Negro, Dorsal Atlântica, Egberto Gismonti... Do resto eu não conheço muito”
“Foi pior pra minha mãe, que ficou no meio dos dois irmãos. Ele estava com o Sepultura; eu, com o Soulfly: cada um de um lado. Mas, depois que ele saiu do Sepultura, me ligou e quis ser meu irmão de novo. E aí montamos o Cavalera Conspiracy, que é do caralho. Hoje, estamos numa boa. A irmandade da gente tá beleza” (sobre a briga com o irmão Igor)
“Minha mãe continua sendo uma fonte de inspiração para mim”
“'Mother of Dragons' é o apelido que os fãs deram para a minha mulher. Foi uma coincidência com 'Game of Thrones'. Eu assisto a série de TV, mas a música é para a Gloria”
“Nossos fãs gostam de nós porque não somos estrelas. Não somos pelo glamour como o Guns N' Roses. Não agimos como deuses. Estamos nisso pela música, não por drogas, dinheiro ou mulheres”
“Para mim, Derrick Green não foi a pessoa certa para a banda” (sobre o vocalista que o substituiu no Sepultura)
“Sempre curti essa coisa de mendigão tosco, de quem não está nem aí para a imagem”
“Sempre gostei desse lance mais espiritual e exótico das coisas”
“Tenho muito orgulho do Sepultura. Tenho uma tatuagem da banda. Em todos os nossos shows eu toco músicas como 'Roots' e 'Refuse/Resist'. Acho que as pessoas querem ouvir esses clássicos com a voz original”
Sabe aquelas frases polêmicas, engraçadas, geniais ou até mesmo estúpidas ditas por celebridades da música?
JAMES HETFIELD
(Vocalista do Metallica)
“A vida não é tão ruim assim. Pelo menos na maior parte do tempo”
“Autoridades me deixam puto. Acho que todo mundo devia poder beber e falar alto quando quisesse”
“Chame de anarquia ou o que quiser. Tem horas que você quer fazer qualquer porra que quiser, e sabe, a vida é curta, então... por que não?”
“Conhecendo Cliff sabemos que ele chutaria nosso rabo se desistíssemos” (falando sobre o baixista do Metallica que morreu)
“Escrever sobre merda que vem de dentro é mais difícil que falar de política, mas uma vez que sai é bem mais fácil se livrar do peso, especialmente quando você canta ao vivo”
“Eu escolho viver, não apenas existir”
“Gosto de tocar música porque é uma vida boa e eu fico satisfeito com isso. Mas eu não consigo alimentar minha família com satisfação”
“Morrer, alguém me disse recentemente, morrer é fácil. Viver é difícil, para todo o mundo”
“Não nos incomodamos se você jogar bosta no palco, mas não jogue na nossa cerveja - é nosso combustível!”
“Não sei a diferença entre tristeza e depressão”
“Nossas raízes são não estar aí para porra nenhuma”
“O que faz uma banda ser talentosa é poder escrever tipos diferentes de merda: lenta, pesada, rápido pra cacete, super satânico, instrumental. Tá aí o desafio, não chegar com tudo pronto, mas com coisas diferentes”
“Seja você mesmo, aquele que tenta agradar a todos, morre cheio de arrependimentos”
“Todos nascemos bons e todos temos as almas do mesmo tamanho. Todos estamos conectados através delas”
“Tudo que acontece, acontece por uma razão, boa ou ruim. Agora temos dinheiro para cuidar de nossas vidinhas e fazermos coisas que queremos, e isso aparece na música como inspiração”
“Um produtor não deve fazer você soar como ele. Ele deve fazer o seu som ter a melhor versão de si mesmo que for possível”
O começo da carreira da banda de metal mais
bem sucedida da atualidade não foi nada fácil. Após algumas trocas de integrantes
e a expulsão de Dave Mustaine – que fundou o Megadeth \o/ - formaram o quarteto
com James e Kirk nas guitarras, Lars na bateria e Cliff no baixo, estava pronta
a formação clássica do Metallica.
Cliff Burton entrou na banda em 1982, antes
disso ele foi convidado por James e Lars, mas relutou em sair de sua banda, a
Trauma, fazendo inclusive com que os outros integrantes se mudassem para mais
perto de sua casa em São Francisco, na Califórnia, pois ele não queria se
mudar. O talento de Cliff era tão grande que os outros integrantes não pouparam
esforços até que ele aceitou e completou a formação.
Os pais de Cliff eram hippies, e ele trouxe daí seu jeito desleixado. Usava sempre calça boca-de-sino
e jaqueta jeans desabotoada ou camiseta sem manga, barba mal feita e bebia
cerveja no gargalo, gostava de escutar as composições de Bach, falava pouco,
mas era calmo e sorridente. No palco era extravagante, um típico headbanger, sacudindo a cabeleira e
fazendo solos de baixo usando técnicas e equipamentos de guitarrista – os shows sempre incluíam a música (Anesthesia) Pulling Teeth, em que Cliff
solava no baixo. Sua influência na sonoridade do Metallica era muito grande,
tocava de uma forma muito harmônica e usava distorções que aumentavam o peso
dos riffs.
Em 1986, após terem gravado o terceiro álbum –
Master of Puppets, com uma capa em
que está representado um cemitério – o Metallica se tornou febre entre os
metaleiros do mundo todo, fazendo com que a banda excurcionasse fora dos EUA na
turnê Damage Inc. No final de
setembro deste ano eles estavam na gelada Suécia, enfurnados dentro de um dos dois
ônibus da banda, onde dormiam em pequenos cubículos no piso, mas havia um lugar
um pouco melhor na parte de cima de um beliche, este lugar era disputado pelos
músicos que tiravam a sorte nas cartas do baralho.
Na madrugada de 27 de setembro Cliff reclamou
que queria dormir no beliche, mas o lugar naquela noite era de Kirk Hammet, o
guitarrista solo, que aceitou disputar o lugar nas cartas e cada um tirou uma
carta do baralho. Kirk tirou um dois de copas (2♥)
e Cliff um ás de espadas (A♠), parecia que estava com sorte, afinal ele era fã
do Motörhead e gostava de escutar Ace of
Spades, mas aproximadamente às 6:15 da manhã, na localidade de Ljungby, uma
região no interior da Suécia, o ônibus vinha por uma estrada deserta coberta
pelo que é chamado na região de “gelo negro” – uma fina camada congelada sobre
o asfalto que é difícil de se enxergar – e em uma curva o veículo derrapou para
a direita e capotou parando dentro de um fosso. Quase todos tiveram apenas
pequenos ferimentos, porém Cliff, que estava em uma parte alta foi arremessado
pela janela e esmagado pelo ônibus que ainda se moveu uma segunda vez e parou
sobre seu corpo, acabando com qualquer chance de salvamento. Ele tinha 24 anos.
Foto tirada após a retirada do ônibus de dentro do fosso
O funeral foi em 7 de outubro em Castro
Valley, na Califórnia, ao som do instrumental Orion, composto pelo próprio Cliff. O corpo de Cliff foi cremado,
suas cinzas foram espalhadas em Maxwell Ranch, um local que ele gostava muito.
Não existe um túmulo, mas no local da morte há um marco colocado pelos fãs
suecos em homenagem ao baixista onde se lê parte de um poema escrito por ele e
que foi colocado na música To live is to
die (viver é para morrer) composta em sua homenagem.
“...canot the Kingdom of Salvation take me home?”
Também há uma biografia escrita em 2009 por Joel McIver – To live is to die: The life and times of Metallicas’s
Cliff Burton – com prefácio de Kirk Hammet.
Há também o documentário Cliff ‘em all, que é uma coletânea de momentos do baixista em
apresentações, aparições, entrevistas, etc.
O Metallica quase acabou, mas se reergueram e
conseguiram ser ainda mais bem sucedidos. Nenhum dos dois excelentes baixistas
que substituíram Cliff – Jason Newsted e Robert Trujillo – conseguiram tapar o
rombo deixado por sua morte. É de se perguntar se com Cliff vivo a banda teria
produzido algum dos álbuns fracos e nitidamente comerciais a partir dos anos
90.
Em uma análise supersticiosa sobre a morte de
Cliff Burton deve-se pensar no que aconteceu naquela noite, dentro daquele
ônibus, circulando nas remotas terras escandinavas.
Kirk tirou a carta dois de copas: 2 = uma
segunda chance / copas = coração, símbolo da vida. No tarot é um arcano menor que simboliza harmonia, união, amor, absolvição...
Cliff tirou a carta ás de espadas: A = Áses,
assim são chamados os sanguinários deuses escandinavos / espadas = violência, um
instrumento implacável. No tarot é um
arcano menor que simboliza lógica, força, mudança, morte...
Em uma análise circunstancial deve-se pensar
que se existisse azar pra valer, tanto Cliff como Kirk poderiam ter tirado a
pior carta, dormido em um lugar ruim e morrido mesmo assim. Se a hora dele tinha
chegado pelo menos conseguiu ser um grande baixista, se tornar inesquecível e
partir dormindo e bem aquecido.
Confira no vídeo o próprio Cliff Burton executando (Anesthesia) Pulling teeth
No começo dos anos de 1980 surgia um novo estilo dentro do heavy metal, o trash metal. A banda mais popular desse estilo é sem dúvida o Metallica, inclusive sendo considerada por muitos como a primeira banda a gravar um álbum exclusivamente neste estilo, mas os mais aficionados têm uma lista de outras bandas para disputar esse posto e outra maior ainda para quem teria criado a primeira música que pode ser chamada de trash (Anthrax, Kreator, Megadeth, Slayer, Sodom, entre outras), nesta briga eu não vou me meter.
A principal característica, embora não seja a única, que definiu o trash como um estilo a parte, foi a forma de compor os riffs de guitarra, sempre extremamente distorcidos e sincopados, de forma que quem está ouvindo possa perceber cada palhetada, quase uma oposição ao estilo de onde o trash surgiu, o speed metal, que como o nome indica é extremamente veloz na execução de seus riffs e aí está uma briga em que me atrevo a entrar, qual foi o primeiro riff de trash da história?
A capa de Sabbath bloody sabbath
Entre os meus vinis tenho o Sabbath bloody sabbath, da incomparável banda inglesa Black Sabbath. Este álbum foi gravado em 1973 e mostra um Sabbath bem introspectivo e melodioso, nada que lembrasse o trash metal que surgiria anos depois, com uma pequena exceção, o riff central da música que dá título ao disco.
A contra capa
O primeiro riff da música é típico do heavy metal tradicional, feito para acompanhar a linha melódica do vocal de Ozzy Osbourne, há alguns trechos mais acústicos e virtuosísticos mas no meio da música acontece algo inesperado, surge um riff que parece não fazer parte da composição, é pesado e sincopado, bem diferente do resto mas que é o “algo mais” que agente fica esperando toda vez que escuta a música e pra mim não existe melhor candidato a primeiro riff de trash metal do que este.
Tony Iommi
Ponto para Tony Iommi, canhoto, sem a ponta de dois dedos da mão direita e inventando um riff que sem dúvida influenciou os futuros trash metaleiros dos anos oitenta. É o que eu penso, se alguém conhece um candidato melhor, faz campanha que a briga é boa.
No vídeo você pode escutar o áudio de Sabath Bloody Sabath.