quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

INSTRUMENTOS MUSICAIS - ADUFE


Instrumento de percussão tradicional em Portugal, de origem árabe foi levado pelos mouros para a Península Ibérica aproximadamente nos séculos VIII e IX.

Lembra um pandeiro quadrado sem as soalhas laterais, feito de madeira leve, com pele de caprinos em ambos os lados, com sementes, guizos ou soalhas soltas na parte interna, costuma ser enfeitado com fitas coloridas, é percutido com os dedos e mede aproximadamente 45 centímetros em cada lado. Também é chamado de adufo.


Suas várias características e lendas indicam um uso mágico ligado à fertilidade em sua origem. A tradição cantada diz que a madeira dos caixilhos é de laranjeira, remetendo à flor branca ligada ao matrimônio, mas na verdade é feito de pinho ou mogno. O formato quadrado requer um perfeito estiramento das peles para o ajuste sonoro que é mais fácil no formato redondo, de forma que esta deve ser mais uma característica simbólica que se perdeu com o tempo. A pele de um dos lados deve ser de um animal macho e a do outro lado, de uma fêmea, outra característica mais simbólica que prática. Por fim o adufe acompanha danças folclóricas ou procissões religiosas tradicionalmente tocado por mulheres, embora seja tradicionalmente construído por homens.


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

DICIONÁRIO MUSICAL - AEROFONE

Este é o nome genérico para os instrumentos musicais que utilizam o ar como principal fonte sonora.

Os mais comuns são os instrumentos de sopro cuja grande maioria trabalha com a vibração de uma coluna de ar dentro de um tubo ou recipiente, são instrumentos de metal (flauta transversa, trompete, trombone, tuba, clarim...), argila (ocarina) ou madeira (flauta doce, oboé, fagote, zampoña...), com bocal (trombone, trompete...) ou com palhetas (saxofone, gaita, clarinete...) e tantos outros materiais e formatos.

No vídeo, um conjunto de flautas transversas toca Tico Tico no Fubá. Desligue o som do blog no topo da página.


Menos comuns são os aerofones livres, cuja forma do instrumento trabalha com o ar que o circunda, normalmente sendo girados para criar atrito com o ar. Podem ser cordas ou superfícies presas a cordas que produzem o som enquanto giram. Um exemplo é o rombo (bullroarer em inglês), tradicional dos aborígenes australianos e africanos, que lembra uma hélice que é girada presa a uma corda.

No vídeo, um rombo típico australiano.


sábado, 5 de dezembro de 2015

GENE SIMMONS E SUA LÍNGUA DE BOI


O nome do cara era Chaim Weitz, nascido em Israel em 1949 e foi professor de inglês de uma escola primária, mas ninguém o conhece desta maneira. Para os roqueiros do mundo todo ele é Gene Simmons - The Demon, nascido na banda KISS, tocando baixo e expelindo sua língua de 18 centímetros.

Sim, a língua do cara tem quase o dobro do normal para um ser humano (em torno de 10 cm) e isto não poderia ficar sem ser especulado pelos conspiracionistas de plantão e então surge mais uma lenda do rock...

“GENE SIMMONS TRANSPLANTOU UMA LÍNGUA BOVINA PARA DENTRO DE SUA BOCA!!!”


Ele fez isso principalmente para satisfazer suas milhares de fãs – ele diz ter dormido com mais de 5.000 mulheres – e também para exibi-la no palco durante os shows. Parece que a cirurgia foi bem sucedida.

A enguia bucal do baixista rendeu tanto que foi inclusive feito um seguro de um milhão de dólares caso acontecesse uma perda total do membro valioso.

Outro feito dedicado ao lingueirão (pra quem não sabe esse é o aumentativo de língua) é a criação de uma revista com assuntos exclusivamente masculinos – entrevistas com celebridades, música, cinema, esportes, curiosidades e, é claro, muita mulher pelada, hehehe – a Tongue Magazine (Revista Língua) só não durou muito porque é obvio que já tinha um produto mais firme no mercado. Não dava pra ganhar da Playboy né?


E como o negócio do cara é língua ele também é poliglota. Além de sua língua nativa o hebraico e de sua língua adotiva o inglês (Gene se naturalizou norte americano) ele fala alemão, húngaro e japonês, não devemos esquecer ainda que a música é a língua universal embora ele já tenha dito que tem dificuldade em cantar bem, justamente por causa da língua.

“Eu tenho uma língua muito comprida, e isso é tudo”



Mas apesar de tudo na vida de Gene Simmons rodar em torno de seu membro palrador parece que a lenda sobre a língua bovina não passa disso, uma lenda. Se já é complicado um transplante entre seres humanos, é quase impossível de se obter sucesso entre espécies diferentes, mas como eu não sou cirurgião não vou descartar a possibilidade, vai saber!

No vídeo Gene Simmons cantando o maior sucesso do KISS.


domingo, 13 de setembro de 2015

DICIONÁRIO MUSICAL - AEDO

Palavra grega (aoidós = cantor) que designava um poeta, declamador e cantor que discorria sobre temas religiosos ou épicos, quase sempre na presença da classe nobre em festas ou comemorações.

Seu instrumento de acompanhamento tradicional era o forminx, da família da cítara, mas também era acompanhado por liras, por outros instrumentos e por outros músicos.

O aedo mais famoso em sua época foi Homero, escritor da Ilíada e da Odisseia, onde se narra a guerra de Tróia. Na mitologia Orfeu foi o aedo mais talentoso.



O aedo Homero de Charles A. Callamard

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

DICIONÁRIO MUSICAL - AD LIBITUM

É uma expressão que vem do latim e significa à vontadeNormalmente aparece escrito abreviado - ad lib.

É escrita em algum lugar na partitura onde o intérprete pode variar o andamento sem ser o indicado para o resto da obra ou, até mesmo para toda a obra. Às vezes, para ficar mais claro aparece escrito cadenza ad lib.

Quando escrito em relação à parte de um ou mais instrumentos, significa que eles podem ser retirados sem prejudicar a música.

Quando aparece a expressão REPETIÇÃO AD LIBITUM, o trecho marcado pode ser repetido de acordo com a vontade do intérprete.

Ad libitum indicando andamento livre em uma peça de Franz Liszt



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

VERBORRAGIAS - MÚSICA E FRASES DE OZZY OSBOURNE

Sabe aquelas frases polêmicas, engraçadas, geniais ou até mesmo estúpidas ditas por celebridades da música?

OZZY OSBOURNE
(Vocalista do Black Sabbath)


“Acho que estou ficando louco, mas enfim, enquanto estiver aproveitando, tudo bem”

“Às vezes acho que toda a minha vida e carreira se baseiam em um morcego ensanguentado”

“De todas as coisas que perdi, aquilo de que sinto mais falta é a minha lucidez”

“Digam aos seus filhos para usarem o banheiro antes de sair, principalmente no Texas” (Ozzy foi preso por urinar em público)

“Ele era bom demais para ficar aqui” (Sobre a morte do seu primeiro guitarrista, Randy Rhoads)

“Enquanto houverem garotos chateados, o Heavy Metal continuará existindo”

“Eu amo a minha esposa mais do que qualquer outra coisa no mundo. Não existe uma outra mulher com quem eu possa me ver casado”

“Eu cheguei a conclusão de que as pessoas não querem saber a verdade, que eu sou apenas um homem casado e feliz, com três filhos que eu absolutamente adoro, e que o que eu faço é divertir as pessoas. Eu não sou a porra do Drácula!”

“Eu e Bill não podíamos sair ao mesmo tempo, a gente dividia um único par de sapatos” (Bill Ward foi o baterista do Black Sabbath)

“Eu entrei na banda para viajar, não para ser um rockstar. Eu nem pensava em gravar um disco quando fizemos o primeiro álbum. Depois eu só queria dizer – Olha mãe, olha o que fizemos. Minha voz em um pedaço de plástico para sempre”

“Eu estava bebendo de uma maneira colossal. Estava em um buraco cada vez mais fundo. Comecei a levar pra casa aquele Ozzy do palco, e eu prometi nunca mais fazer isso”

“Eu frequentei um psiquiatra por algum tempo. Ele fazia jogos com a minha mente. Ele perguntava coisas como - Você se masturba? E eu perguntava – Você respira?”

“Eu juro que nunca disse para o garoto pegar a porra da arma” (Sobre a acusação de que a música Suicide Solution induziu um garoto a se matar)

“Eu não fumo, não bebo e nem me drogo mais, mas com a sorte que eu tenho, um passarinho vai cagar na minha cabeça e eu vou pegar a gripe aviária a caminho de casa”

“Eu não posso acreditar nestes vídeos. Eu pareço Elvis” (Se analisando após ficar sóbrio)

“Eu não sabia que era um morcego, até que eu mordi a cabeça. - Oh meu Deus, o que eu fui fazer?”

“Eu não sigo as tendências. Eu não me preocupo com as paradas. Eu apenas faço o que gosto, e tenho tido sorte das pessoas gostarem do que eu faço. E eu não penso no que eu fiz, e sim no que irei fazer”

“Eu nunca serei um molenga. Prefiro morrer a me tornar um velho chato e resmungão. Ainda sou o mesmo maluco de sempre. Gosto de ser um pouco doido... faz as pessoas te respeitarem. Mas eles nunca te levam a sério, isso é certeza”

“Eu sou um completo perfeccionista. Eu nunca estou feliz com um álbum. Sempre tem algo que eu não gosto”

“Eu sou um viciado em rock n’ roll. O motivo porque tantos tomam drogas e se ferram, é que queremos que a festa continue. Mas isto é realmente o fundo do poço se comparado a um bom show de rock

“Havia muita insanidade na minha família. Eu tentei o suicídio várias vezes, só pra ver como é que era”

“Me assombra, todas essas coisas loucas. Eu tomei combinações letais de bebidas e drogas por trinta malditos anos. Eu sobrevivi a um avião me acertando diretamente, overdoses suicidas, doenças sexualmente transmissíveis. Eu fui acusado de assassinato. Então eu quase morri enquanto andava em um quadriciclo a duas milhas por hora. As pessoas me perguntam - Como ainda estou vivo? E eu não sei o que dizer”

“Minha mãe era uma cantora amadora e meu pai era um bêbado amador”

“Muitos dos meus amigos de bebedeira morreram com quarenta anos – ataques cardíacos. Graças a Deus eu continuo. Devo ter uma estrela me guiando”

“Não deixe seus filhos comerem qualquer coisa, principalmente se estiver morta”

“Não funciono nem com Viagra”

“Não tenho nenhuma ligação com o Demônio. Faço música para me divertir”

“No palco, Tony fazia solos enormes que pareciam Jazz. Quer dizer – Jazz num show do Black Sabbath? – Ridículo. Eu ficava olhando do lado do palco, rangendo os dentes”

“Nós éramos pobres. Literalmente pobres. Se não fosse pela mãe de Tony acho que não teríamos conseguido. Ela costumava fazer sanduíches e nos dava cigarros” (Tony Iommi é o guitarrista do Black Sabbath)

“O Black Sabbath foi uma reação contra aquela merda toda de paz, amor e felicidade. Era só olhar em volta e ver em que bosta de mundo a gente vivia”

“Oh não, eu nunca atirei em gatos! Uma vez atirei num cavalo, pois eu gosto de atirar. Tenho várias armas em minha casa”

“Parei de tomar drogas porque estava cansado de me sentir mal. Cansado e doente”

“Que porra é Justin Bieber?”

“Se eu incitasse meus fãs ao suicídio, não teria muito público”

“Se eu tivesse que começar tudo de novo, a única coisa que eu iria mudar era aprender a ler um contrato direito”

“Se fosse meu filho eu também lhe surraria, porque ele é louco” (sobre Michael Jackson receber surras do pai na infância)

“Se o orgasmo do rock n’ roll pudesse ser vendido em saquinhos, drogas como a maconha e a heroína não valeriam um centavo”

“Sou um milagre médico. Quando eu morrer, meu corpo vai para o Museu de História Nacional”

“Tinha vezes que eu desejava ser o Super-Homem, ao mesmo tempo que eu gostaria de ser o Diabo”

“Uma banda aparece e o público a ajuda, mas quando atinge certo nível, começam a atacá-la”

“Uma vez eu fiz o sinal da paz e o público fez também. Então passei a fazê-lo sempre”

“Viagra é um bom remédio pra dormir. Eu tomo e a Sharon vai direto dormir” (Sharon é a mulher de Ozzy)

“Você vê mais violência em um desenho do Tom & Jerry do que um show meu. Crianças assistem um rato ter seu cérebro esmagado todos os dias na TV”



sábado, 22 de agosto de 2015

INSTRUMENTOS MUSICAIS - ADJÁ


É um instrumento de origem africana, espécie de sineta podendo ser feito de metais variados, dependendo do seu destino no ritual e em casos especiais pode ser de palha. É usado nos candomblés para convidar os crentes à cerimônia, chamar o orixá e provocar o transe. Tem seu uso reservado aos sacerdotes durante as danças. Há uma variação específica para Xangô, chamado de xérim ou xerê.

Seu nome tem origem na língua iorubá (ààjà) e significa turbilhão. Pode ter de uma a sete câmpulas, todas unidas por um único cabo e adornado de diversas maneiras.


Também é chamado de adjarin, ajá, tamaracá.


DICIONÁRIO MUSICAL - ADAPTAR


É o ato de fazer uma adaptação.

Veja o verbete aqui > ADAPTAÇÃO

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

VERBORRAGIAS - MÚSICA E FRASES DE JIMI HENDRIX

Sabe aquelas frases polêmicas, engraçadas, geniais ou até mesmo estúpidas ditas por celebridades da música?

JIMI HENDRIX
(Guitarrista e cantor)
  


“A história da vida é mais rápida que um piscar de olhos. A história do amor é: ‘Oi, adeus’”

“A música é a coisa mais importante. Estou pensando no meu futuro. Tem que haver algo novo, e eu quero fazer parte disso. Quero liderar uma orquestra com excelentes músicos. Quero tocar uma música que pinta quadros do mundo e seu espaço”

“A música é minha religião”

“A música é um tipo seguro de droga. É mais da forma que se esperava ser. É dela que veio a nobreza, acredito, de todas as formas. Tudo se resume a ritmo e movimento”

“A música me eleva no palco, e essa é a verdade. É quase como se eu fosse viciado em música”

“A música não mente. Se tem algo a ser mudado neste mundo, isso só vai ser possível através da música”

“As vezes em que queimei minha guitarra foi como um sacrifício. Você sacrifica as coisas que você ama. Eu amo a minha guitarra”

“Às vezes você quer desistir da guitarra, você passa a odiá-la, mas se você insistir, será recompensado”

“É engraçado como a maioria das pessoas ama os mortos; quando você morre, está pronto para a vida”

“É fácil tocar blues, mas difícil sentir”

“Eu não consigo me expressar em uma conversa, mas quando eu estou lá em cima do palco, eu falo sobre a minha vida inteira”

“Eu queria que tivessem guitarras elétricas nos campos de algodão nos bons e velhos tempos. Um monte de coisas teria sido evitada”

“Eu tento usar a minha música como uma máquina para fazer estas pessoas agirem – para que façam mudanças”

“Eu vivia num quarto repleto de espelhos; tudo o que eu via era eu mesmo. Me apeguei ao meu espírito e quebrei meus espelhos, agora o mundo todo está aqui para me ver”

“Imaginação é a chave para as minhas letras. O resto é temperado com um pouco de ficção científica”

“Já há muito tempo que estou morto”

“Me dá licença, enquanto eu beijo o céu”

“Meu negócio não é falar, mas sim tocar”

“Meu objetivo é ser o número um com a música. Eu dedico apenas toda a minha vida para esta arte”

“Minha filosofia pessoal é minha música. Nada menos que a música – vida – isso é tudo”

“O conhecimento fala, mas a sabedoria escuta”

“O inefável prazer de viver não se experimenta enquanto não começarmos a olhar nossa vida como o principal dos trabalhos que devemos empreender”

“O rock é tão divertido. Isso é tudo o que ele significa, preencher as cavidades torácicas e esvaziar os joelhos e cotovelos”

“Para mudar o mundo, você precisa antes mudar a sua cabeça”

“Quando as coisas ficarem muito pesadas, me chame de ‘Hélio’, o gás mais leve que existe”

“Quando eu morrer, continuem tocando os discos”

“Quando eu morrer, quero que as pessoas toquem minha música, enlouqueçam, percam o bom senso e façam o que der na cabeça”

“Quando o poder do amor superar o amor pelo poder, o mundo conhecerá a paz”

“Quero fazer com minha guitarra o que Little Richard faz faz com sua voz”

“Se estou livre é porque estou sempre fugindo”

“Sou o cara que terá que morrer quando chegar a minha hora, então me deixem viver da forma que eu quiser”

“Tecnicamente, não sou um guitarrista. Tudo o que toco é verdade e emoção”

“Tenho sido imitado tão bem que ouço as pessoas copiarem meus erros”

“Tudo o que eu vou fazer é ir em frente e fazer o que eu sinto”

“Você tem que esquecer o que as pessoas dizem, quando você possivelmente estiver para morrer ou quando você estiver amando. Você tem que esquecer todas essas coisas. Você tem que ir em frente e ser louco. A loucura é como o céu”


“Vou jogar uma maldição em você e seus filhos vão nascer completamente pelados”



quarta-feira, 19 de agosto de 2015

OS BEATLES, A LUCY E O LSD


Como assim Beatles, Lucy e LSD?

Se você não está entendendo eu explico.

Os Beatles são uma das mais importantes bandas da história do rock, a Lucy era uma menina inglesa que foi colega de jardim de infância do filho de John Lennon, integrante dos Beatles e LSD é uma droga alucinógena.

E o que isso tudo tem a ver?

Tem a ver com outra das tantas lendas do rock ‘n roll.

Em 1967 os Beatles lançaram o álbum que é considerado por muitos como sua maior obra prima, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Um álbum cheio de lendas, a começar pela história de que sua arte de capa representa o funeral de Paul McCartney, o baixista da banda (leia sobre isto clicando >AQUI<). Mas a lenda em foco agora é sobre a música Lucy in the sky with diamonds.

Capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band

No final da década de 1960 uma droga estava em evidência, era chamada de ácido lisérgico, ou mais popularmente, LSD. Não era nem um grande segredo que os Beatles eram consumidores da droga e que os efeitos psicodélicos dela acabavam influenciando as letras e a sonoridade das músicas, mas o que chamou a atenção dos fãs após escutarem a letra viajante foi a frase título – Lucy in the Sky with Diamonds – cujas iniciais formavam o acrônimo L + S + D, uma mensagem escondida fazendo propaganda da droga, e prestando atenção na letra se percebe que a narrativa é meio sem sentido, como se realmente a intenção fosse uma apologia através do conteúdo onírico e das iniciais.

Picture yourself in a boat on a river
Imagine-se em um barco em um rio
With tangerine trees and marmalade skies
Com árvores de tangerina e céus de marmelada
Somebody calls you, you answer quite slowly
Alguém te chama, você responde calmamente
A girl with kaleidoscope eyes
Uma garota com olhos de caleidoscópio

Cellophane flowers of yellow and green
Flores de celofane amarelas e verdes
Towering over your head
Elevando-se sobre sua cabeça
Look for the girl with the sun in her eyes
Procure a garota com o sol nos olhos
And she’s gone
E ela se foi

Lucy in the sky with diamonds…
Lucy no céu com diamantes…

Follow her down to a bridge by a fountain
Siga-a até uma ponte sobre uma fonte
Where rocking horse people eat marshmallow pies
Onde pessoas sobre balanços de cavalinhos comem tortas de marshmallow
Everyone smiles as you drift past the flowers
Todos sorriem enquanto você passa deslizando pelas flores
That grow so incredibly high
Que crescem inacreditavelmente altas

Newspaper taxis appear on the shore
Táxis de jornal aparecem na margem
Waiting to take you away
Esperando para te levar
Climb in the back with your head in the clouds
Embarque atrás com a cabeça nas nuvens
And you’re gone
E você se foi

Lucy in the sky with diamonds…
Lucy no céu com diamantes…

Picture yourself on a train in a station
Imagine-se em um trem em uma estação
With plasticine porters with looking glass ties
Com porteiros de massinha com gravatas de espelho
Suddenly, someone is there at the turnstile
De repente, alguém está lá na catraca
The girl with kaleidoscope eyes
A garota com olhos de caleidoscópio

Lucy in the sky with diamonds…
Lucy no céu com diamantes…

A letra que parece uma viagem psicodélica, foi composta por John Lennon com co-autoria de Paul McCartney e gravada entre 28 de fevereiro e 2 de março de 1967, uma das gravações mais rápidas do álbum, lançado em junho, mas com a polêmica surgindo, a emissora inglesa BBC proibiu a execução da música e logo foram perguntar para os compositores sobre a suposta apologia ao LSD. A explicação de Lennon foi:

“Eu não tinha ideia de que formava LSD. Esta é a verdade. Meu filho chegou em casa com um desenho e me mostrou essa mulher de aparência estranha, voando. Eu disse – ‘O que é isso?’ E ele disse – ‘É Lucy no céu com diamantes’. E eu pensei – ‘Isso é lindo’. E eu imediatamente escrevi uma canção sobre isso”.

O desenho "Lucy in the sky with diamonds" feito por Julian Lennon

No vídeo uma entrevista de John para Dick Cavett falando sobre o assunto (sem legendas):


O filho de Lennon é Julian que vinha do jardim de infância onde tinha feito um desenho representando a coleguinha Lucy O’Donnell, de 4 anos.

John e Julian Lennon em 1967

Em 1980, no que é chamada de A última entrevista do casal John Lennon e Yoko Ono, dada ao repórter David Sheff para a revista Playboy, John fala sobre os versos da música:

“As imagens eram de Alice no país das maravilhas. Era Alice no barco. Ela está comprando um ovo e ele se transforma em Humpty Dumpty. A mulher atendendo na loja se transforma em uma ovelha, e no minuto seguinte elas estão remando em uma canoa em algum lugar e eu estava visualizando aquilo. Havia também a imagem de uma mulher que um dia viria me salvar, uma ‘garota com olhos de caleidoscópio’ que viria do céu. Ela acabou por ser Yoko, embora eu não tivesse conhecido Yoko ainda. Então, talvez ela pudesse ser Yoko no céu com diamantes”.


Os dois livros do escritor Lewis Carroll que John leu e releu quando criança – Alice no país das maravilhas e Através do espelho – teriam então sido a inspiração para os versos da música. Na boa, Lewis Carroll também devia usar umas boletas pra escrever. John também se inspirou em assuntos de um programa humorístico da rádio BBC, o The Goon Show que tinha textos bem excêntricos. Lennon também deu sua opinião particular sobre a música na mesma entrevista:

“Eu ouvi Lucy in the sky with diamonds noite passada. Ela é péssima, sabe? A faixa é simplesmente terrível. Quero dizer, é uma grande faixa, uma grande canção, mas não é uma grande faixa por que não foi feita direito, sabe o que eu quero dizer? Eu sinto que eu poderia refazer cada porra de parte dela melhor. Mas essa é a viagem artística, não é? É por isso que você continua, sempre tentando fazer da próxima a melhor”.

Em 1970 ele já tinha sido bem enfático na explicação para a revista Rolling Stone:

“...eu juro por Deus, ou juro por Mao, ou por quem vocês quiserem. Eu não fazia ideia de que soletrava LSD...”

Algumas vezes John chegou a ser sarcástico quando desdenhavam a explicação:

“...não satisfaz os sábios da nossa geração. Ahh, não, piscadela, piscadela, cutucada, cutucada, eles sabiam o que ele queria dizer o tempo todo, risinho, risinho...”

Em 1994 foi feito um grande documentário sobre a história dos Beatles (The Beatles Athology) onde esse assunto não ficou de fora e Paul McCartney declarou:

“Eu apareci na casa do John e ele tinha um desenho que Julian tinha feito na escola com o título ‘Lucy no céu com diamantes’ acima dele. Então nós fomos até a sua sala de música e escrevemos a canção, trocando sugestões psicodélicas cada um. Eu me lembro de chegar com ‘flores de celofane’ e ‘táxis de folhas de jornal’ e John respondeu com coisas como ‘olhos de caleidoscópio’ e ‘gravatas de espelho’. Nunca nos demos conta das iniciais LSD até que foram apontadas mais tarde. – Por algum motivo as pessoas não acreditam em nós”.

Manuscrito de John Lennon com as primeiras idéias sobre Lucy in the sky with diamonds

Paul continuou:

“E a Lucy do título? Seu nome era Lucy O’Donnell, e ela frequentava a Heath House, uma escola maternal privada de Weybridge, com Julian Lennon. Ela não percebeu que tinha sido imortalizada em uma canção dos Beatles até que estivesse com 13 anos, em 1976”.

Lucy O'Donnell a colega de Julian Lennon

John não evitava falar sobre suas experiências com drogas, no álbum Revolver ele mesmo declarou que duas músicas tinham relação com o tema. She said, She said era sobre uma “viagem de ácido” e Dr. Robert era sobre o médico que prescrevia as anfetaminas para os Beatles. O estilo do texto também aparece em outras músicas que não fazem referência aparente ás drogas. Então fica difícil não acreditar em sua versão, que ele sustentou até mesmo com os mais íntimos, inclusive um amigo de infância de John, chamado Pete Shotton, diz ter estado na casa dos Lennon e testemunhado o momento em que Julian chegou com o desenho.

O próprio Julian falou sobre a música:

“Não sei por que dei aquele nome, nem por que se destacou entre todos os meus outros desenhos, mas eu obviamente gostava muito de Lucy. Eu mostrava tudo o que fazia ou pintava na escola ao meu pai, e esse desenho levou á ideia de uma música sobre Lucy no céu com diamantes”.

Julian Lennon

Lucy, em entrevista ao jornal The Guardian, em 2009 disse:

“Esse tipo de música não tem muito a ver comigo”.

Em outra entrevista Lucy declarou:

“Eu me lembro de Julian na escola. Eu me lembro bem dele. Posso ver seu rosto claramente... Nós costumávamos sentar lado a lado naquelas carteiras bem antigas. A casa era enorme, e havia cortinas pesadas para dividir as salas. Pelo que me disseram, Julian e eu éramos duas pestes”.

“Eu me lembro de Julian e eu fazendo fotos, jogando tinta um no outro, para horror da atendente da sala de aula... Julian pintou um desenho e naquele dia especial, seu pai apareceu com o motorista para pega-lo na escola”.

Lucy, já com sobrenome de casada Vodden, trabalhou em uma escola para crianças com necessidades especiais e “foi para o céu com diamantes” em 2009, com apenas 46 anos, não resistiu ao lúpus, uma doença auto-imune. Nos seus últimos anos de vida voltou a ter contato com Julian que lhe deu apoio para combater a doença.

Lucy Vodden (O'Donnell)

Uma curiosidade sobre a música é que um dos mais relevantes achados arqueológicos relacionados ao passado da espécie humana, aconteceu na época em que Lucy in the sky with diamonds ainda tocava nas rádios. Em 1974 foi encontrado um fóssil de Australopithecus com 3,2 milhões de anos, o mais antigo até então, que recebeu o nome de Lucy por causa da música que o arqueólogo Donald Johanson e seu aluno Tom Gray estavam ouvindo no momento da descoberta no meio do deserto de Afar, na Etiópia.

Outra curiosidade é que um psicólogo escreveu um livro (Lucy in the mind of Lennon ) analisando John no momento em que escrevia Lucy in the sky with Diamonds. Tim Kasser, utilizando análise linguística, concluiu que Lennon expressou sentimentos verdadeiros, provavelmente sob efeito de LSD e que a garota com olhos de caleidoscópio era, naquele momento, a figura de sua mãe e que foi substituída posteriormente por Yoko Ono.


Em 1974 Elton John gravou uma versão da música com participação de John Lennon, essa foi a única versão de uma música dos Beatles que chegou em primeiro lugar nas paradas. Elton John é padrinho de Sean Lennon, filho de John e Yoko.


Agora, ponha-se na situação de quem compra um álbum dos Beatles em 1967, no auge da psicodelia regada a LSD, com uma arte cheia de referências psicodélicas e de repente percebe as iniciais formando o nome da droga – Ah, entendi, L S D!!!. No que você vai acreditar, hein? Numa grande coincidência? Eu pessoalmente acredito em grandes coincidências, mas que a coincidência é grande demais, lá isso ela é!