quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

CINEMA E MÚSICA – ENCRUZILHADA (CROSSROADS)


Entender o blues é uma coisa complicada se você só quer escutar música pra passar o tempo, pois é um gênero que exige mais sentimento que técnica, mas no filme Encruzilhada se pode entender melhor por que o blues é assim.


Neste filme, que narra a história de um jovem violonista erudito, Eugene Martone interpretado por Ralph Macchio (sim, o Daniel Sam de Caratê Kid) não tanto a história do blues, mas a essência dele é ensinada.

Ralph Macchio

O jovem Eugene tem uma técnica apurada tocando violão, mas é fascinado pelo blues e seu professor não aceita que essa influência apareça em sua técnica musical. Porém logo no começo do filme, Eugene descobre um velho bluesman, Willie Brown em um asilo de idosos que foi parceiro da maior lenda do blues, Robert Johnson e quer que ele lhe mostre o trigésimo blues do mestre, que nunca foi gravado por ele.

Joe Seneca e Ralph Mecchio

O que Eugene não sabe é que Willie, assim como Johnson, fez um pacto com o Diabo pra ter talento, vendendo a própria alma em uma encruzilhada. Conheça melhor essa história clicando >AQUI<. No caminho entre Nova Iorque e o Mississippi o jovem tem lições sobre o blues e a vida, conhecendo o preconceito, a amizade e o amor. Tudo culmina em um incrível duelo de guitarras entre Eugene e o melhor guitarrista do Demônio, interpretado por Stevie Vai, que na época tinha acabado de lançar seu primeiro álbum.

Ralph Macchio e Stevie Vai

Deve-se destacar também a fotografia do filme, principalmente nas cenas de estrada e da encruzilhada, ponto para John Bailey.


A trilha sonora é de Ry Cooder que usou desde gravações originais de Johnson até o rock dos anos 80 mostrando a grande verdade de que o blues deu origem a todas as vertentes do rock. Na trilha oficial temos:

- Crossroads – Robert Johnson e Ahmad Jamal (original)
- Down in Mississippi – J. B. Lenoir
- Cotton needs pickin’ – Frank Frost, Richard “Shubby” Holmes, John Price e Otis Taylor
- Viola Lee blues – Noah Lewis
- See you in hell, Blind Boy – Ry Cooder
- Nitty gritty Mississippi – Fred Burch e Don Hill
- He made a woman out of me – Fred Burch e Don Hill
- Feelin’ bad blues – Ry Cooder
- Somebody’s callin’ my name – Canção tradicional com arranjo de Ry Cooder
- Willie Brown blues – Ry Cooder e Joe Seneca
- Walkin’ away blues – Ry Cooder e Sonny Terry

Não está na trilha oficial, mas é o maior momento do filme quando Eugene executa a música Eugene’s Trick Bag no duelo de guitarras, ela foi composta por Stevie Vai inspirada no Estudo nº 2 de Villa-Lobos e no Capricho nº 5 de Paganini, que foi um dos maiores violinistas da história, viveu na virada dos séculos XVIII e XIX e foi o primeiro grande músico a ser acusado de fazer um pacto com o Cramulhão.

Ralph Macchio e Ry Cooder durante as filmagens

Título original: Crossroads
Lançamento: 1986 (EUA)
Direção: Walter Hill
Trilha sonora: Ry Cooder
Duração: 96 minutos (1h36min)
Gênero: Drama

No elenco:
Ralph Macchio interpretando o jovem Eugene Martone
Joe Seneca interpretando o velho bluesman Willie Brown
Jami Gertz interpretando Frances, a namorada de Eugene
Robert Judd interpretando Scratch (o Diabo)
Joe Morton interpretando o assistente do Diabo
Stevie Vai interpretando o guitarrista do Diabo, Jack Butler
Tim Russ interpretando Robert Johnson

O encontro com o Príncipe das Trevas

Curiosidades:
Houve realmente um parceiro de Robert Johnson chamado Willie “Blind Dog” Brown mas morreu em 1952, portanto 34 anos antes das filmagens.
Ralph Macchio gravou todas as cenas em que toca violão erudito pois também é músico.
A música da cena do duelo foi gravada por Ry Cooder e Stevie Vai, mas o ator Ralph Macchio tinha uma boa noção de como ela era executada e dublou de maneira bem convincente.
A guitarra usada por Ralph Macchio é uma Fender Telecaster CBS de 1970.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

VERBORRAGIAS - MÚSICA E FRASES DE MARCELO NOVA

Sabe aquelas frases polêmicas, engraçadas, geniais ou até mesmo estúpidas ditas por celebridades da música?

MARCELO NOVA
(vocalista do Camisa de Vênus)




 “A gente ficou oito anos sem gravar, quem sabe não ficamos outro tempo e voltamos? O Camisa é nosso patrimônio” (Sobre uma possível volta do Camisa de Vênus)


“A grande maioria dos artistas vêem a arte como um veículo para atingir objetivos pessoais”


“A vida é boa, mas não é justa, acostume-se”


“ACM é uma figura. Nos anos 70, eu tava fumando um baseado. Aí ele chegou num opala e ficou bem do meu lado. Eu gritei: ‘Diga, meu governador!’ Rapaz, ele saiu da janela do carro, juntou as duas mãos e ficou fazendo gestos de vitória. Como a vaidade humana é extraordinária (risos)” (Sobre Antônio Carlos Magalhães)


“Adoro jantar em louça do século XVIII, mas no meio da coisa posso soltar um pum”

“Aqui ninguém vai dizer ‘tira o pé do chão galera’, ninguém vai dizer ‘mãozinha pra cima’ e ‘dedo no cu’. Eu não faço música para adestrar macaco”

“As gravadoras só contratam bandas que tenham pelo menos um integrante homossexual. Somos um dos últimos grupos heterossexuais do Brasil”

“Como no Brasil não existem leis para quem é branco e de alguma forma tem um destaque artístico, então eu o mataria e ainda sairia ileso” (Sobre o que faria se fizessem um clone dele)


“Depois que o Raul morreu, as pessoas resolveram me eleger seu herdeiro. Cansei de ser chamado para homenagens e shows em que eu seria o mestre de cerimônias. Nunca participei de coisas desse tipo. E antes dele morrer, não importa em que lugar do Brasil estivéssemos éramos o porra-louca do Marcelo Nova e o cachaceiro do Raul”


“É um negócio. Desinformado, desestruturado, sem autenticidade, sem gana, sem garra, sem coração, sem caráter também. Quem faz rock no Brasil, hoje, são as bandas que estão na garagem, aquelas que querem se expressar e são totalmente bloqueadas pela mídia eletrônica. Se esses caras não conseguirem fazer nada, não vão ser os Inimigos do Rei ou Nenhum de Nós que vão fazer, com toda certeza. A que ponto chegou o rock brasileiro...”


“Eu não entendo bem qual é a ligação do Raul com uma escola de samba. Passei um carnaval com ele e me lembro de que ele preferiu ficar trancado em casa por quatro dias, ouvindo Elvis Presley. Não dá pra entender como o cerne da obra do cara, o questionamento de tudo e de todos, acabou perdido em algum ponto” (Sobre a homenagem a Raul por uma escola de samba)


“Eu não tenho imóvel, não tenho carro. Tenho discos. Não gosto de forró. Gosto de Genival Lacerda. Porque é escroto e me cita”


“Eu tava em casa, o telefone tocou, era o Karl Hummel. Ele me disse: ‘Bicho, liguei a televisão e o apresentador disse que a maior sensação do rock é o Skank. A gente precisa voltar, cara’ (risos)”


“Genival Lacerda. Ele é espontâneo como o Jerry Lee Lewis e autêntico como o Chuck Berry” (Sobre quem era o maior roqueiro do Brasil)


“Hoje é dia da ‘independência do Brasil’, mas sinto o Brasil tão dependente quanto um mísero usuário de crack!”

“Hoje é dia de eleger dois ladrões lixos” (Sobre eleições)

“Hoje é dia de Iemanjá, ao entrar no mar leve um presente ou dinheiro... ‘tá pensando o que? Até os deuses cobram impostos, (risos) já, já, vou pra praia fazer compras”

“Lembra daquelas garotas que andavam em volta deles quando eles queriam fazer bandas de rock, antes de fracassarem e virarem jornalistas? Quem comeu aquelas garotas fui eu, então entendo que eles não gostem de mim” (Sobre as críticas dos jornalistas)


“Na música, tínhamos como exemplo de popularidade e calor artístico o Renato Russo. Hoje temos o Salgadinho!”


“Na verdade, eu sempre fui um cara bem-humorado. Mas algumas coisas não dá pra levar a sério, como essas bandas que pretendem fazer ‘rock de vanguarda’”


“Não tenho nenhuma identificação com a música, o visual e o comportamento do baiano”


“O dia do rock passou e me perguntaram por que não parabenizei o dia do rock? É muito simples essa pergunta. Não vejo motivo algum para comemorar, apenas para chorar. O rock foi preso de baixo de um monte de lixo e já era”


“O dinheiro nunca foi fator primordial pra minha carreira. Precisar de grana todo mundo precisa. Mas vivo há quinze anos de música, nunca fui a sensação do verão e de Nova só tenho o nome”


“O Kurt Cobain faz falta pra filha dele! Quando ele deu um tiro na cabeça não deu pra congelar a imagem e transformá-la em símbolo de rebeldia”


“O meu orgulho ainda é um prato cheio”

“O problema não é o viado e sim a viadagem”


“O que eu ia fazer lá? Não curto samba, não bebo cerveja nem gosto de travesti. Sou um cara das antigas, respeito a tradição dos rockers” (Sobre o porquê de não ir ao desfile de uma escola de samba que homenageou Raul Seixas)


“O rock não morreu, foi apenas no salão de beleza”

“Pessoas que dizem ser um pouco de cada coisa acabam sendo nada... uma coisa é certa, ou você é um ou outro. Tenha identidade, não se esconda atrás de palavras mirabolantes!”

“Por trás de cada sorriso se esconde algum tipo de dor”


“Prefiro fazer o primeiro show, pois fico livre logo de ouvir os outros grupos. Tenho mais o que fazer em casa: é aniversário da minha mulher” (Sobre um show com Barão Vermelho e Kid Abelha)


“Quando ele era vivo era chamado de inconveniente. Raul morreu e o que era ofensivo passou a ser ‘curioso’ e ‘maluquice beleza’. Só que o Raul não está mais aqui pra mijar no pódio dos cachorros de raça, como costumava fazer” (Sobre as homenagens a Raul Seixas)


“Se é da lei, então tem um preço”

“Sou ateu. Graças a Deus!”

“Um artista que, em vida, fazia questão de polemizar e desprezar o insosso ‘novo rock brasileiro’ e que por ele era ignorado. Agora, quase três anos após sua morte, alguns dos ‘artistas’ que o ‘homenageiam’ mal conhecem o trabalho dele, mas parecem ‘topar tudo’ por dinheiro. Não se deixe enganar e vá ao original” (Sobre Raul Seixas)